Birras antes dos 2 anos: o que é normal?
Birras antes dos 2 anos são normais? Entenda o que esperar, quando se preocupar e como lidar com empatia, mesmo sem rede de apoio.
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6/9/2025
Você está no mercado com o bebê no carrinho, pega a marca errada de biscoito e... pronto. Gritos, choro, escândalo. As pessoas olham, você tenta manter a calma, mas por dentro está se perguntando: isso é normal? Será que tem algo errado?
Antes de qualquer coisa: respira. Você não está sozinha. E sim, muitos bebês antes dos dois anos já começam a dar os primeiros sinais de “birra” — ou melhor dizendo, de frustração.
Mas será que toda birra é só uma fase? Ou existem sinais de alerta para os quais precisamos prestar atenção?
O que é (e o que não é) uma birra
A palavra “birra” costuma carregar um peso negativo, né? Mas na prática, o que chamamos de birra muitas vezes é só uma reação imatura a uma emoção grande demais para um cérebro tão pequeno processar.
O que geralmente é normal
Choros intensos quando o bebê não consegue o que quer
Jogar objetos no chão ou se jogar no chão
Bater ou gritar em momentos de frustração
Reações explosivas em mudanças de rotina
Resistência a trocar fralda, comer ou dormir
Esses comportamentos, por mais difíceis que sejam, são respostas emocionais esperadas para crianças que ainda estão aprendendo a lidar com o mundo. O cérebro delas ainda está em construção — especialmente o córtex pré-frontal, responsável pelo controle das emoções e tomada de decisões.
🧠 Curiosidade: O córtex pré-frontal só termina de se desenvolver por volta dos 25 anos! Imagine esperar autorregulação emocional de um bebê?
O que pode ser sinal de atenção
Crises muito frequentes e intensas, com duração longa
Agressividade constante com outras crianças ou adultos
Apatia: bebê muito "parado", sem expressar emoções
Autolesões (como se bater com frequência)
Falta de contato visual ou de resposta a estímulos sociais simples
Esses sinais não significam automaticamente um problema, mas podem indicar que vale conversar com um profissional (pediatra, psicólogo infantil ou neuropediatra) para investigar possíveis dificuldades de desenvolvimento ou sobrecarga emocional.
Além disso, a Cartilha de Desenvolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) — disponível gratuitamente no site da SBP — traz marcos claros e acessíveis do desenvolvimento entre 2 meses e 5 anos. Anotar o que seu filho já sabe fazer (ou ainda não faz) e levar esse material na próxima consulta pode ser superútil para orientar o pediatra e reduzir suas preocupações.
Por que bebês "fazem birra"?
Porque estão frustrados. E frustração é uma emoção difícil até pra gente, né?
Antes dos dois anos, os pequenos vivem uma verdadeira revolução interna: aprendem a andar, falar, se comunicar, lidar com limites... tudo ao mesmo tempo.
Imagine querer muito um brinquedo, mas não saber pedir. Ou querer colo, mas estar preso no cadeirão do almoço. Dá vontade de gritar mesmo.
💬 “Meu filho de 1 ano e 5 meses grita quando não deixo mexer no celular. Isso é birra ou já vício?”
👉 Pode ser só frustração. Mas se o uso de telas for frequente, vale refletir sobre a rotina. O ideal é evitar telas antes dos 2 anos, segundo a OMS.
Dicas práticas para lidar com as birras (sem perder a cabeça)
Nem sempre dá pra manter a calma zen do Instagram. Mas algumas estratégias ajudam — e são possíveis mesmo na correria do dia a dia.
1. Nomeie o que o bebê está sentindo
Mesmo que ele ainda não fale, dizer coisas como:
🗣️ “Você está bravo porque queria o brinquedo” ou “Você ficou triste porque acabou o desenho” ajuda a criança a dar sentido ao que sente.
2. Mantenha rotinas simples e previsíveis
Crianças pequenas se sentem mais seguras quando sabem o que vai acontecer. Um ritual simples pra dormir, um horário regular para comer e sair... tudo isso ajuda.
3. Reduza estímulos em momentos críticos
Se a birra começou no mercado, tente ir para um canto mais calmo. Evitar plateia ajuda você e o bebê a se regularem melhor.
4. Dê escolhas possíveis
Ao invés de “vamos trocar a fralda agora!”, tente “você quer trocar com a fralda azul ou verde?”. Parece bobo, mas isso dá senso de autonomia — e reduz crises.
5. Cuide de você também
Mãe cansada, com sono, sobrecarregada, tem menos paciência. E isso é normal. Tente, sempre que possível, garantir pausas (mesmo que pequenas), pedir ajuda no CRAS da sua região, ou conversar com outras mães (até online!). Cuidar da saúde mental é parte da criação também.
🛠️ Dica prática: Se você estiver sem rede de apoio, procure o CRAS (Centro de Referência em Assistência Social) mais próximo. Eles podem oferecer grupos de acolhimento, acesso a psicólogos ou orientações sobre benefícios sociais
Quando procurar ajuda profissional?
Se você sente que a birra virou rotina pesada e está difícil lidar, pedir ajuda não é sinal de fraqueza — é ato de amor. Converse com:
Pediatra: pode avaliar o desenvolvimento geral
Psicólogo infantil: pode orientar sobre estratégias específicas
Rede pública de apoio: CAPS Infantil, UBSs e CRAS oferecem apoio psicológico gratuito em muitos municípios
📊 Segundo o IBGE (PNAD Contínua, 2023), mais de 11 milhões de mulheres no Brasil criam filhos sozinhas. E muitas delas não têm com quem dividir as crises, as dúvidas, as birras. Seu cansaço é legítimo.
Birra não é manipulação. É comunicação.
Se tem uma coisa que a gente precisa desmistificar, é essa ideia de que bebês manipulam.
Bebês não “fazem cena” pra nos desafiar. Eles sentem, e expressam do jeito que conseguem.
Seu filho não está sendo difícil. Ele está tendo dificuldades. E você, mãe, está fazendo o melhor que pode.
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