Como Resgatar Sua Autoestima Sem Deixar de Ser Mãe

Dicas práticas, reais e acessíveis para fortalecer a autoestima materna, sem culpa, mesmo nos dias mais difíceis.

6/24/2025

a typewriter with a paper that reads parental self - care
a typewriter with a paper that reads parental self - care

Sabe aquele momento em que você olha no espelho e não reconhece quem está ali? O cabelo bagunçado, olheiras profundas, uma roupa que você nem lembra quando vestiu pela última vez... E aí vem aquela pergunta que dói: "Onde foi parar a mulher que eu era antes?"

Se você já se pegou pensando isso, respira fundo. Você não está sozinha nessa montanha-russa emocional que é a maternidade. E mais importante: você não se perdeu para sempre no meio desse caos gostoso (mas exaustivo) de ser mãe.

A autoestima materna é como uma planta que precisa de cuidado constante - mas não daquele tipo de cuidado impossível que vemos nas redes sociais. Estamos falando de cuidados reais, para mães reais, com rotinas reais e orçamentos reais.

O que acontece com nossa autoestima quando nos tornamos mães?

Imagina que você é uma casa. Durante anos, você organizou cada cômodo do seu jeito, conhecia cada cantinho, sabia exatamente onde estava cada coisa. Aí chega uma pequena pessoa que revoluciona completamente a arquitetura da sua vida.

É normal se sentir perdida nesse novo projeto de "casa ampliada". Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 25% das mulheres brasileiras apresentam sintomas de depressão pós-parto, e questões relacionadas à autoestima estão frequentemente envolvidas nesse processo.

As mudanças que ninguém conta

No corpo: Aquele corpo que você conhecia virou um território inexplorado. Cicatrizes, estrias, seios diferentes, barriga que ainda parece grávida mesmo com o bebê no colo. É muita informação para processar.

Na rotina: Onde estão aqueles momentos de autocuidado que você tinha antes? Aquele banho demorado, a unha feita, a conversa com as amigas... Tudo isso parece ter virado luxo.

Na identidade: "Eu sou mãe, mas também sou eu." Eu sei, parece meio bobo falar isso, né? Mas juro que é uma das coisas que mais me pegam no dia a dia. A gente fica tão imersa nos cuidados com o bebê que meio que... some. Sabe quando você percebe que faz semanas que não conversa sobre nada além de fraldas e sonecas? É isso.

Os ladrões silenciosos da autoestima materna

A comparação com outras mães

Instagram, Facebook, grupos de WhatsApp... Todo mundo parece estar arrasando na maternidade menos você. A mãe da escola que sempre está impecável, a influencer que faz receitas caseiras todos os dias, a vizinha que já voltou ao peso de antes da gravidez.

Mas aqui vai uma verdade: ninguém posta a foto do momento em que está chorando no banheiro ou quando o filho fez uma birra épica no supermercado. A vida real não tem filtro.

A pressão social e os "deveria"

"Você deveria estar amamentando." "Deveria ter voltado ao trabalho." "Deveria estar curtindo mais essa fase." "Deveria ter mais paciência."

Nossa, como esses "deveria" cansam, né? É tipo ter uma vozinha chata na cabeça o tempo todo. Só que não dá para agradar todo mundo - e nem deveria ser nossa obrigação tentar. Cada família tem sua dinâmica, cada bebê tem sua personalidade, cada mãe tem sua história.

A culpa materna

A culpa é provavelmente o sentimento que mais acompanha as mães brasileiras. Culpa por trabalhar, culpa por não trabalhar, culpa por querer um tempo sozinha, culpa por não estar curtindo cada segundo da maternidade...

Segundo pesquisa do Instituto Patrícia Galvão, 89% das mães brasileiras relatam sentir culpa relacionada às escolhas da maternidade. É um número que mostra como esse sentimento é universal entre nós.

Reconstruindo a autoestima: estratégias reais para mães reais

Comece pequeno, comece hoje

O ritual dos 5 minutos: Todo dia, reserve 5 minutos só seus. Pode ser para tomar um café ainda quente, passar um hidratante no rosto ou simplesmente respirar na varanda. Parece pouco? É o suficiente para começar a se reconectar com você mesma.

A lista das conquistas diárias: Antes de dormir, anote três coisas que você fez bem naquele dia. "Dei banho no bebê", "fiz uma refeição nutritiva", "consegui conversar com uma amiga". Pode parecer bobagem, mas nosso cérebro precisa ser treinado para reconhecer nossos acertos.

Cuide do corpo com carinho (e realismo)

Movimento que cabe na sua realidade: Não precisa ser uma academia cara. Pode ser uma caminhada com o bebê no carrinho, alongamentos em casa (tem vários vídeos gratuitos no YouTube), dançar enquanto faz a comida ou subir escadas em vez de usar o elevador.

Alimentação que nutre (sem neura): O SUS oferece acompanhamento nutricional gratuito em muitas unidades básicas de saúde. Vale procurar! E lembra: comer um chocolate não vai acabar com sua saúde, assim como uma salada não vai resolver todos os problemas. O equilíbrio está no meio termo.

Cuidados básicos que fazem diferença: Um banho mais demorado no fim de semana, uma máscara caseira de aveia e mel, ou simplesmente trocar o pijama por uma roupa que você gosta de usar. São gestos pequenos que enviam uma mensagem importante para seu cérebro: "Eu me importo comigo."

Reconecte-se com quem você é além de mãe

Resgate um hobby antigo: Aquela coisa que você adorava fazer antes do bebê chegar. Pode ser ler, desenhar, cozinhar, ouvir música... Mesmo que seja por poucos minutos, isso ajuda a manter viva a conexão com outras partes de você.

Mantenha contato com amigas: Mesmo que seja só pelo WhatsApp. As amizades são um termômetro importante da nossa autoestima. Quando nos isolamos demais, é fácil perder a perspectiva sobre nós mesmas.

Aprenda algo novo: Existem cursos gratuitos online sobre praticamente qualquer assunto. Aprender algo novo ativa áreas do cérebro ligadas ao prazer e à autoconfiança.

Quando pedir ajuda (e onde encontrar)

Sinais de que é hora de buscar apoio profissional

  • Tristeza intensa que dura mais de duas semanas

  • Falta de interesse em atividades que antes davam prazer

  • Pensamentos negativos constantes sobre si mesma ou sobre a capacidade de ser mãe

  • Dificuldade extrema para tomar decisões simples

  • Pensamentos de se machucar ou machucar o bebê

Onde encontrar ajuda gratuita

Sistema Único de Saúde (SUS): As Unidades Básicas de Saúde oferecem acompanhamento psicológico. Muitas têm grupos específicos para mães. Você pode procurar no Google Maps qual é o posto de saúde mais perto de casa, ou ligar na central da prefeitura.

CRAS (Centro de Referência de Assistência Social): Gente, esse é um lugar que muita mãe não conhece mas deveria! Eles têm psicólogo, assistente social e podem te ajudar a encontrar outros serviços na sua região.

ONG Mães da Favela: Elas fazem um trabalho lindo de apoio para mães em situação mais vulnerável, tanto online quanto presencialmente.

Centro de Valorização da Vida (CVV): Atendimento 24h pelo número 188 para momentos de crise emocional.

A importância da rede de apoio

Aquele ditado africano "é preciso uma aldeia para criar uma criança" faz todo sentido quando falamos de autoestima materna. Nenhuma mãe deveria carregar todo o peso da maternidade sozinha.

Como construir sua rede de apoio

Família: Mesmo que a relação seja complicada, identifique quem pode te apoiar de forma prática. Uma tia que pode ficar com o bebê por duas horas, uma prima que pode fazer uma comida...

Vizinhas e outras mães: Parece coisa do passado, mas a rede de apoio local ainda funciona. Aquela mãe da escola do filho mais velho pode te entender melhor que qualquer especialista.

Grupos online: Existem vários grupos no Facebook e Telegram para mães em situações específicas: mães solo, mães que amamentam, mães de bebês prematuros, etc. Às vezes é mais fácil desabafar com quem está passando pela mesma situação.

Profissionais de saúde: Pediatra, enfermeira do posto, visitadora do programa Primeira Infância Melhor (se existir na sua cidade). Esses profissionais podem ser grandes aliados no cuidado não só do bebê, mas da família toda.

Desmistificando a "mãe perfeita"

A mãe perfeita não existe. Sério. E sabe o que é mais libertador ainda? Nem precisa existir.

Aquela mãe que parece ter tudo sob controle também tem seus momentos de caos. A diferença é que ela aprendeu a ser mais gentil consigo mesma e a pedir ajuda quando precisa.

O que é ser uma "boa mãe" de verdade

  • É fazer o melhor que consegue com os recursos que tem

  • É pedir desculpas quando erra e tenta fazer diferente na próxima

  • É cuidar de si mesma para poder cuidar bem de quem ama

  • É ensinar pelo exemplo que mulheres merecem respeito e cuidado

  • É aceitar que alguns dias são melhores que outros, e está tudo bem

Estratégias para o dia a dia corrido

Para mães que trabalham fora

Ritual de transição: Crie um pequeno ritual entre o trabalho e a casa. Pode ser ouvir uma música no carro, tomar um café, ou simplesmente respirar fundo três vezes antes de abrir a porta.

Roupa que te faz sentir bem: Mesmo que seja uma blusa colorida ou um batom. Eu sei que parece besteira, mas uma blusa que você gosta ou um brinco bonitinho podem ser o que falta para você se sentir mais "você" no meio da correria.

Para mães solo

Rede de trocas: Converse com outras mães sobre a possibilidade de revezarem o cuidado das crianças. Duas horinhas livres no sábado à tarde já é quase um spa!

Use o que a cidade oferece de graça: Biblioteca (muitas têm espaço kids), parquinhos, praças, aquelas apresentações culturais que rolam aos fins de semana. Às vezes a programação da prefeitura surpreende.

Para mães com bebês pequenos

Saia de casa: Mesmo que seja para dar uma volta no quarteirão. O ar fresco e a mudança de ambiente podem melhorar muito o humor.

Aceite ajuda: Quando alguém perguntar "posso ajudar em alguma coisa?", diga sim. Pode ser lavar uma louça, segurar o bebê enquanto você toma banho, ou simplesmente fazer companhia.

O poder da gratidão (sem romantizar a maternidade)

Praticar gratidão não significa fingir que está tudo bem quando não está. Significa treinar o olhar para enxergar também o que está funcionando na sua vida.

Exercício prático da gratidão

Todo dia, antes de dormir, pense em:

  • Uma coisa boa que aconteceu

  • Uma qualidade sua que você usou hoje

  • Uma pessoa pela qual você é grata

Pode ser algo simples como "o bebê dormiu mais cedo hoje", "fui paciente durante a birra" e "sou grata pela minha vizinha que me cumprimentou no elevador".

Autoestima e relacionamentos

A maternidade mexe com todos os relacionamentos: com o parceiro, com a família, com os amigos, e principalmente com você mesma.

Com o parceiro

Bebê chega e o relacionamento vira uma montanha-russa, né? Tem casal que se une mais ainda, outros que entram numa crise danada. A diferença geralmente está na conversa: falar sobre quem vai fazer o quê, o que cada um espera, e principalmente - gente, isso é sério - falar quando está no limite.

Com a família estendida

Palpites não solicitados sobre como cuidar do bebê podem abalar a confiança. Lembre-se: você é a mãe, você conhece seu filho melhor que ninguém. Seja firme (mas gentil) ao estabelecer limites.

Com outras mães

Evite competições silenciosas. A maternidade não é uma olimpíada. Cada criança se desenvolve no seu tempo, cada família tem suas particularidades.

Cuidando da autoestima a longo prazo

Estabeleça metas realistas

Em vez de "vou voltar a ter o corpo de antes", que tal "vou me movimentar três vezes por semana"? Metas específicas, mensuráveis e alcançáveis são mais motivadoras.

Comemore as pequenas vitórias

Conseguiu tomar banho sem o bebê chorar? Comemore! Fez uma refeição completa? Também vale comemoração! Essas pequenas vitórias são a base para uma autoestima mais sólida.

Mantenha um registro

Pode ser um diário, fotos no celular, ou até áudios no WhatsApp para você mesma. Registrar os momentos bons ajuda a perceber que eles existem, mesmo nos dias mais difíceis.

Recursos digitais que podem ajudar

Aplicativos gratuitos úteis

  • Meditation Studio: Para meditações guiadas curtas (até 5 minutos)

  • MyFitnessPal: Para acompanhar alimentação sem neura

  • Forest: Para te ajudar a ter momentos de foco e desconexão

Canais do YouTube interessantes

Procure por canais sobre maternidade real, exercícios rápidos para fazer em casa, receitas simples e práticas de mindfulness.

Podcasts sobre maternidade

Ouvir enquanto faz outras atividades pode ser uma forma prática de se sentir acompanhada e obter informações úteis.

Quando a autoestima melhora: os sinais

  • Você consegue aceitar elogios sem desqualificar

  • Para de se comparar constantemente com outras mães

  • Consegue pedir ajuda sem se sentir fracassada

  • Sente prazer em pequenas atividades do dia a dia

  • Consegue estabelecer limites sem culpa excessiva

  • Volta a ter curiosidade e interesse em aprender coisas novas

O futuro da sua autoestima materna

A autoestima não é um destino final, é uma jornada. Olha, vou ser bem honesta com você: tem dia que tudo dá certo, tem dia que tudo desanda. E sabe de uma coisa? Faz parte do pacote. O que importa mesmo é ter umas cartas na manga para os dias difíceis e pessoas para dividir tanto as alegrias quanto os perrengues.

Escuta só: você não precisa acertar sempre para ser uma mãe incrível. Aliás, seu filho vai se beneficiar muito mais de uma mãe real, com defeitos e qualidades, do que de uma versão robotizada que nunca erra.

Cada dia que você acorda e cuida dele (mesmo que seja só o básico), você está moldando não só o futuro dele, mas se redescobrindo também. Seja paciente com esse processo. Seja gentil com essa mulher corajosa que você é.

E quando bater aquela sensação de que você se perdeu no meio do caos, lembre-se: você não se perdeu. Você só está se redescobrindo. E isso é uma das coisas mais bonitas da maternidade.

Se esse conteúdo te ajudou de alguma forma, compartilhe com uma amiga que também está navegando pelas águas da maternidade. Às vezes, saber que não estamos sozinhas já é meio caminho andado para nos sentirmos melhor conosco mesmas.

Veja também: