Alimentação na Gravidez e Pós-Parto: O Que Comer?
Descubra como se alimentar bem na gravidez e no pós-parto com dicas reais, sem neuras e cheias de sabor. Nutrição com afeto para você e seu bebê.
Michele A.
3/13/2025
Comer bem: um ato de amor (por você e pelo bebê)
Quando o teste dá positivo, o coração dispara, e com ele vêm mil dúvidas — e uma das mais comuns é: “O que eu posso ou não comer agora?”. A alimentação na gestação (e também depois do parto) vai muito além de “comer por dois”. Na verdade, é mais sobre “nutrir por dois” — com carinho, equilíbrio e um tantinho de planejamento.
Nesse período, seu corpo vira uma verdadeira fábrica de vida e precisa dos insumos certos pra funcionar bem. Mas calma, isso não significa viver de salada e água de coco! A ideia aqui é te mostrar que é possível (e necessário!) comer bem, com sabor e sem neura.
Alimentação durante a gestação: o que seu corpo e seu bebê precisam
Durante a gravidez, suas necessidades nutricionais mudam — e aumentam. O bebê precisa de energia e matéria-prima para formar cada pedacinho do corpo, e isso vem da sua alimentação.
Principais nutrientes que não podem faltar:
Proteínas: fundamentais para a formação dos tecidos do bebê. Boas fontes: carnes magras, ovos, feijão, lentilha e grão-de-bico.
Ácido fólico: essencial nas primeiras semanas para prevenir defeitos no tubo neural. Encontrado em vegetais verde-escuros (como espinafre e couve), laranja, feijão e cereais enriquecidos.
Ferro: previne a anemia (bem comum na gestação). Você encontra em carnes vermelhas, feijão, beterraba, folhas verdes e ovo. Combine com vitamina C (como laranja ou limão) para melhorar a absorção.
Cálcio: importante para os ossos e dentes do bebê (e seus também!). Leite, iogurte, queijos, tofu, couve e sardinha são ótimas fontes.
Ômega-3 (especialmente DHA): ajuda no desenvolvimento cerebral e visual do bebê. Peixes como sardinha e salmão, linhaça e chia são ótimos aliados.
🧠 Curiosidade científica: Estudos como os de Carlson & Colombo (2016) mostram que o DHA está associado a melhores escores de desenvolvimento cognitivo e visual em crianças de até dois anos.
Alimentos para manter distância
Nem tudo é permitido na gravidez, infelizmente. Alguns alimentos podem trazer riscos reais à sua saúde e à do bebê:
Carnes e ovos crus ou malpassados (toxoplasmose e salmonela);
Peixes com alto teor de mercúrio, como peixe-espada, tubarão e atum em grandes quantidades;
Leites e queijos não pasteurizados (risco de listeriose);
Cafeína em excesso (limite de 200 mg/dia — cerca de 2 xícaras de café);
Ultraprocessados, muito açucarados ou gordurosos (impactam a saúde metabólica e o ganho de peso).
👉 Dica prática: Nem sempre dá pra montar o “prato ideal” — especialmente se você é mãe solo, tem jornada dupla ou depende da alimentação oferecida no trabalho. Mas pequenas mudanças já fazem diferença: incluir uma fruta no café da manhã ou trocar o refrigerante por água com limão é um ótimo começo.
💡 Alimentação com orçamento curto: é possível!
Troque cereais caros por aveia ou farinha de milho;
Use sardinha enlatada como alternativa ao salmão — rica em cálcio e ômega-3;
O ovo é acessível, versátil e uma fonte excelente de proteína e colina.
E depois que o bebê nasce, como fica?
O puerpério é intenso. Entre noites mal dormidas, choros, adaptações e fraldas, a alimentação muitas vezes fica em segundo plano. Mas o corpo ainda está se recuperando — e, se você estiver amamentando, a demanda nutricional continua alta.
Calorias extras (com qualidade, por favor!)
Durante a amamentação, o corpo precisa de cerca de 300 a 500 calorias a mais por dia. Mas não é desculpa pra viver de bolacha recheada, tá?
Priorize:
Proteínas (ajudam na cicatrização e produção de leite);
Frutas, legumes e verduras (vitaminas, fibras, antioxidantes para imunidade);
Grãos integrais (energia estável);
Gorduras boas: abacate, azeite de oliva, castanhas, sementes, pasta de amendoim natural.
💧 Água, água, água! Se você esquecer de beber, sua produção de leite pode cair. Tenha sempre uma garrafinha por perto e beba mesmo sem sede.
Dicas que salvam a rotina:
Prepare e congele marmitinhas antes do parto;
Tenha lanches saudáveis à mão (mix de castanhas, iogurte natural, frutas picadas);
Aceite ajuda! Se alguém perguntar “precisa de algo?”, diga: “um pratinho de comida caseira, por favor!”
Mitos e verdades sobre alimentação na maternidade
Vamos desmistificar algumas ideias que ainda circulam por aí?
❌ “Tem que comer por dois.”
🔎 Mito. O que conta é a qualidade, não a quantidade.
❌ “Café nem pensar!”
🔎 Parcialmente mito. Até 200 mg/dia (cerca de 2 xícaras pequenas) é considerado seguro, segundo o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG, 2020).
❌ “Evite alimentos que causam cólica no bebê.”
🔎 Sem comprovação científica. Não há consenso claro sobre a ligação entre a dieta da mãe e cólica no bebê. Restrições devem ser orientadas por profissionais.
❌ “Tem que fazer dieta pra voltar ao corpo de antes.”
🔎 Cuidado! O foco deve ser nutrição e recuperação. Pressão estética no puerpério é cruel, desnecessária e perigosa.
Alimentação e realidade: cada mãe tem sua jornada
Nem toda mãe tem acesso a uma dieta equilibrada ou tempo pra preparar refeições elaboradas — e tá tudo bem. Mães solo, mães que voltam a trabalhar cedo, mães em situação de vulnerabilidade: todas merecem orientações realistas, acessíveis e sem julgamentos.
Procure, se possível, orientação nutricional. Muitas unidades de saúde (UBSs) oferecem esse acompanhamento gratuitamente por meio do SUS. É um direito seu.
Resumo da receita: Nutrição com afeto
Se alimentar bem na gestação e no pós-parto é uma forma de autocuidado que impacta diretamente sua saúde e a do bebê. É sobre dar ao seu corpo o que ele precisa para sustentar o milagre da vida — com equilíbrio, carinho e sem culpa.
E lembre-se: cada colherada pode ser um gesto de amor. ♥
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